quinta-feira, 11 de setembro de 2008

O velho e o menino


O velho conduzia carinhosamente o menino até a beira daquele mar de um azul profundo, que parecia encerrar o horizonte em sua imensidão. Em suas águas, a maré desenhava uma explosão de cores emanando um brilho prateado, que de tão intenso ofuscava o olhar. A maresia espalhava sua fragância, convidando aventureiros a descobrirem seus segredos; piratas de sonhos em navios de poesia.
A brancura daquela areia fazia lembrar a neve inascessível de montes rochosos, porém ao invés de calafrios, oferecia conforto em afagos de sensações mornas, como abraços aconchegantes que cobriam seus pés.
O menino com a pele morena, revelando sua familiaridade com o astro-rei, possuía uma cabeleira de cachos dourados, como o trigo em época de seara. Ele olhava encantado aquele cenário celeste, encenando em seus lábios inocentes um breve sorriso em resposta a tamanha dádiva da natureza.
Soltando um breve suspiro, balbuciou:
- Um dia eu vou surfar estas ondas!

O velho, de cãs simpáticas e olhos marcados pelo tempo, com a sabedoria de quem já experimentou o sabor da vida , vislumbrou a força daquele momento, e com um ar de condolência e gravidade, setenciou:
- Filho, você é muito jovem para entender, mas acredite neste velho marinheiro !
E com os olhos marejados, completou:

- A vida não pode ser adiada...

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Luciano Martini

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