sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Mapas Antigos

Nos mapas antigos procuramos um sinal
para embalar o enredo de nossas vidas,
um bom presságio, uma dica
para acalentar parábolas de redenção
Procuramos a tranquilidade no delírio
de interpretar enigmas improváveis,
mas nosso significado só achamos
na cerimónia duma lembrança peregrina
Assim nos cercamos de águas frias
caindo sobre a imensidão da noite
e morremos de mortes mal morridas
pela vida que vivemos em nossos dias
ou que deixamos de viver



Luciano Martini

domingo, 23 de janeiro de 2011

Destino


Voraz consumidor de auroras, sei que dentro de mim subsiste um oceano arredio de águas profundas e escuras. No entanto, meu destino já estava determinado, quando decidi transpor aquele portal: afogar-me por entre suas ondas...
Nessa epopéia de vida, só Deus pode servir de tábua a um náufrago como eu.



Luciano Martini

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Sinais no Céu


Este crepúsculo marcante tem que ser um prenúncio do despertar de um tempo, de um fluir contínuo indiferente ao caos, rumo a vazante do meu ser.

Ou pode ser um recomeço usual de evocações extintas,em cerimônias secretas em salas fugidias, transformadas em santuários.
Vertigem de vertigens.
Sua luz ilumina as neblinas como cortina de sinais, que escondem o rastro das coisas por entre versos redundantes, ao som de um violino levado pelo vento.

Num jardim onde caem pétalas de uma flor triste;
a brisa sopra uma esperança, que se esvanece em tranquilos dias,
num espiral de sonhos que a rigidez das horas
não podem conter.

Luciano Martini

domingo, 16 de janeiro de 2011

Sobre-Vida


Tantas as horas de desassossego,
Felicidade inquieta de passarinho.
Nada tão real nesse instante
Quanto a melodia: gorjear é entoar à vida
Nos chinelos coloridos das manhãs.
Ousar é enfrentar estações.



Luciano Martini

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Quero saber


Quero saber se você vem comigo
a não andar e não falar,
quero saber se ao fim alcançaremos
a incomunicação; por fim
ir com alguém a ver o ar puro
a luz listrada do mar de cada dia
ou um objeto terrestre
e não ter nada que trocar
por fim, não introduzir mercadorias
como o faziam os colonizadores
trocando baralhinhos por silêncio.
Pago eu aqui por teu silêncio.
De acordo, eu te dou o meu
com uma condição:
não nos compreender


Pablo Neruda

Alberto Caeiro


Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia

Que tu sabes qual é.



Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Interpretações


As imagens apresentam-se a nós

o resto somos nós que pomos lá...

Como na vida.




Luciano Martini