segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Portas...


Portas...
ou seriam apenas metáforas
deixando escapulir murmúrios,
encerrando passados,
ouvindo-se passos.
O sentido de abrir-se e fechar-se,
de parecer fechada sem estar,
frestas onde a luz se insinua,
sombras, movimento,
segredo.

Portas...
lugares que não nos são permitidos,
mistérios e enredos,
testemunhas de dias.
Lugares de decisão,
discernimento, direção.
Potenciais de futuro
trancas e ferrolhos,
dobradiças que rangem
que convidam, assombram,
metáforas,

ou seriam apenas portas...

Luciano Martini

Minha pretensão ( Ricardo Gondim)

Tenho pouquíssimos milagres para relatar como pastor. As igrejas que pastoreei não explodiram numericamente e não sobra dinheiro na tesouraria. Os meus sermões saem à custa de muito suor, estudo e, vez por outra, lágrimas. Minha comunidade é composta de gente comum, que luta diariamente contra as circunstâncias cruéis da sociedade brasileira; meu povo não prospera como ouço falar de outras igrejas.
Não tenho a pretensão de rivalizar com os inteligentíssimos mestres da teologia fundamentalista. Eles sempre dão um banho quando rechaçam os meus argumentos. Eu seria inapto para fundar qualquer escola de pensamento ou movimento religioso. Simplesmente não tenho cacife para tanto.
Estudo feito um condenado. Não tenho boa memória. Sou tímido em minhas relações pessoais. Nem que tentasse conseguiria ser a alegria da festa. Não sei dançar. Quando canto sou um desastre.
Prefiro ambientes intimistas. Alguns me têm por arrogante, na verdade sou introvertido...
O que busco? Tão somente oferecer-me como amigo e dar o ombro aos cansados. Quero dividir as minhas inquietações com os que duvidam e a minha esperança com os que sonham com um mundo melhor; sem estardalhaços, sem messianismos e sem falsidade. Vou passar por esta vida apenas uma vez e, mesmo atabalhoado, quero contribuir de alguma forma. Só isso...
Soli Deo Gloria.

domingo, 28 de setembro de 2008

No Entanto

no entanto esperam sempre
enquanto o passar dos dias se confunde
com nossas histórias e anseios
E o calendário do meu rosto adormece
em carruagens coloridas de nuances
nos caminhos sem setas
onde as sombras guardam encantos e segredos
nos bancos de madeira solitários
que no entanto esperam

sempre...


Luciano Martini

segunda-feira, 22 de setembro de 2008


Da minha varanda
o mundo parece tão pequeno
embora meu jardim pareça cada vez maior


Luciano Martini

Ter dançado em meus sonhos
foi melhor do que
nunca ter dançado...


Luciano Martini

quarta-feira, 17 de setembro de 2008


De tanto puxarem o meu tapete,
De tanto ter a sensação de que o chão sumia sob meus pés,
é que eu aprendi a voar...


Luciano Martini

"Quando tudo tem uma resposta é porque é falso. O mistério é a verdade".

Sean Penn

segunda-feira, 15 de setembro de 2008



Há sempre um velho balanço de pracinha, esquecido na memória da gente...


Luciano Martini

Em meu olhar
guardo flores desta primavera
para quando o outono chegar
¨¨
Luciano Martini

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

O ocaso sepulta o brilho no horizonte,
mas no fundo de minha alma,
meus íntimos vivem...


Luciano Martini
"A saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar."
Rubem Alves

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

O velho e o menino


O velho conduzia carinhosamente o menino até a beira daquele mar de um azul profundo, que parecia encerrar o horizonte em sua imensidão. Em suas águas, a maré desenhava uma explosão de cores emanando um brilho prateado, que de tão intenso ofuscava o olhar. A maresia espalhava sua fragância, convidando aventureiros a descobrirem seus segredos; piratas de sonhos em navios de poesia.
A brancura daquela areia fazia lembrar a neve inascessível de montes rochosos, porém ao invés de calafrios, oferecia conforto em afagos de sensações mornas, como abraços aconchegantes que cobriam seus pés.
O menino com a pele morena, revelando sua familiaridade com o astro-rei, possuía uma cabeleira de cachos dourados, como o trigo em época de seara. Ele olhava encantado aquele cenário celeste, encenando em seus lábios inocentes um breve sorriso em resposta a tamanha dádiva da natureza.
Soltando um breve suspiro, balbuciou:
- Um dia eu vou surfar estas ondas!

O velho, de cãs simpáticas e olhos marcados pelo tempo, com a sabedoria de quem já experimentou o sabor da vida , vislumbrou a força daquele momento, e com um ar de condolência e gravidade, setenciou:
- Filho, você é muito jovem para entender, mas acredite neste velho marinheiro !
E com os olhos marejados, completou:

- A vida não pode ser adiada...

¨¨
Luciano Martini

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Os meus sonhos o vento não pode levar
A esperança encontrei no teu olhar


( O Tempo, Oficina G3, vale a pena ouvir)