segunda-feira, 16 de março de 2009


É surpreendente perceber o quanto eu tive de envelhecer para aprender a ser criança.


Luciano Martini

sexta-feira, 13 de março de 2009

Quero passear na Redenção.


Quero passear no Parque da Redenção e fazer passarinhar todos os bons propósitos que desafiam a minha fé. Enterrarei num jardim de hortênsias essa frustação alheia que definha o meu ego arrastado pela vaidade.
Trocarei minhas horas preciosas por horas ociosas e, recostado num banco de praça, darei milho aos pombos e cantarei com os mendigos que, deitados na grama, escarnecem da agonia do tempo.
Banharei a minha retina naquele lago pontilhado de moedas faiscantes de prata e, peito aberto sob o chafariz, secarei a fonte ininterrupta da minha insensatez. Serei belo como aquele tronco nodoso de uma velha castanheira que, retorcida de braços, abraça o Sol para em seus pés irradiar sombras.
Trilharei uma tarde irresponsavelmente feliz, liberto dessa potência que recobre de fúria a minha excessiva fragilidade. Acreditarei na vertigem do disfarce que a brisa quente empresta ao meu rosto e, numa antiga roda gigante, renascerei com a inocência das crianças que sorriem poemas azuis.

Definitivamente será minha redenção...


Luciano Martini

segunda-feira, 9 de março de 2009



O Paraíso continua a existir como esperança nas palavras dos poetas.
O corpo come pão para poder andar. Mas para poder voar, é preciso ter asas.
A poesia são as asas da alma.
'A poesia, a mais humilde, é serva da esperança...'


Rubem Alves

segunda-feira, 2 de março de 2009

Entre Auroras e Tropeços


Permitam-me salvar aquele menino que habita os porões da minha alma. Descobrir os mistérios desta cidade, achar o brinquedo que eu perdi no parque. Eu quero voar de novo com a minha bicicleta, mesmo que desta vez o ET não esteja na carona.
Coleciono fracassos, mas ainda creio na ressureição da vida.
Continuo a ser a esperança dos loucos e desajustados. Duvido das minhas certezas, para poder viver exclusivamente da fé, pode parecer insanidade,mas eu sempre gostei de montanhas russas.
Rejeito os perfeitos, os campeões, os alpinistas da prepotência, sua compania me faz náuseas, me rouba a vida; a mim, sempre me pareceram vampiros a definhar o encanto.
Por outo lado, sou compassivo a todos os desajeitados, os estranhos, os iludidos na sua desilusão, à aqueles que continuam fazendo serenatas, mesmo que a janela da varanda nunca tenha se aberto.
Vou ao encontro dos que sentam no fundo da sala, daqueles que não se levam muito a sério, dos que nadam contra a corrente em busca da onda perfeita, mesmo não sabendo surfar.
Todo fim de tarde, acendo as luzes da cidade cuidando para não apagar as sombras, pinto de aquarela a minha rua cinzenta, penduro bandeirolas coloridas com nós de fita, nós de barbante, nós de pinho e nós de garganta.
Trago nas dobras da alma a memória de um desfecho feliz, para uma estória tão ensaida e sonhada, que ainda não foi totalmente contada.
Minha vida...


Luciano Martini