sábado, 15 de outubro de 2011

Nevoeiro






Por entre pinhais, perdido, mergulhei no nevoeiro embraquecido. Sedento de vida, ouvi o sussurro: era talvez a voz da chuva chorando, um sorriso nublado ou um coração partido. Algo que de tão longe me parecia oculto gravemente, coberto pela névoa, um murmúrio ensurdecido por imensos outonos, pela entreaberta e úmida treva das folhas. Porém ali, vagando por trilhas do bosque, o orvalho caiu sobre meus olhos e secou meu coração. E seu sabor errante subiu como lua que adentra nas nuvens, como se, repentinamente, estivessem me procurando nas ruas por onde andei, na terra perdida da minha infância.



Generosamente a noite se compadeceu de mim e me protegeu com seu cobertor de sonhos.









Luciano Martini