segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Águas Profundas


Eu fui chegando assim, devagarinho
Com medo de falhar
Não encontrar um porto
e me perder neste mar

Por entre sonhos meus
Fui aprendendo a procurar

Nadar em águas profundas

Sem receio de me olhar...


Luciano Martini

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Mais uma de Crepúsculo




Um crepúsculo poetiza a vida,

pois o sol e o horizonte vem brincar juntos.

Trazem nuvens coloridas para completar o espetáculo e vão embora.


E ficam em nós...








Luciano Martini

O maior desafio



O desafio de um teólogo não é desvendar mistérios,

mas aprender a conviver com eles.




Luciano Martini

O início da velhice



Ficamos velhos quando começamos a desejar que o futuro seja igual ao presente...




Luciano Martini

A Beleza



Toda beleza deste mundo é uma sombra de Deus.




Luciano Martini

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Estações




A vida como um jardim enfrenta estações.
O verão nos desafia, nos encanta aquece a alma e alegra o coração. O inverno nos convida ao recolhimento, a meditação, recomenda o estar próximo, firma laços e nos faz mais fortes.
O outono é um lembrete de nossa humanidade, que somos finitos, seres crepusculares, tristes e belos como um poema, e que é preciso estar sempre em renovação como as folhas das árvores.
A primavera é tempo de cores e aromas, novas sensações que celebram a vida. Como seiva, nossas emoções pulsam na alma. Queremos viver, desabrochar na história, construir jardins, experimentar a doçura dos frutos como se fosse mel, nos lambuzarmos de lembranças e brindarmos o privilégio de estar vivo com um sorriso e uma oração.
A fé é uma certeza : - O melhor está por vir...










Luciano Martini

Sinais



Quando se honra os pais na verdade se está honrando quem está por detrás dos pais : Deus
Deus, mesmo sendo invisível aos olhos humanos, escolheu diversos elementos visíveis para se revelar, para estar presente. Os pais são um sinal de que Deus existe.
Cada abraço, cada conselho, cada carinho, cada ato de proteção, cada sorriso, cada gesto de afeto dos pais para com seus filhos é uma dádiva de Deus.
Pois Deus se esconde no olhar compassivo da mãe e na mão estendida do pai que orienta e sustenta.
Quem tem ou teve uma mãe amorosa e um pai presente teve a oportunidade de conhecer um pouquinho de Deus... talvez a melhor parte de Deus...









Luciano Martini

Fraternidade




Quem tem um irmão nunca está sozinho.

É como se uma parte de nós morasse em outro corpo.
Mesma família, mesma história, mesmas experiências, mesma casa, mas
dois corpos... que se dividem para que a possibilidade do abraço possa existir.
É como ter um espelho vivo, onde possamos nos reconhecer mesmo nas
diferenças.

Vai além dos laços de sangue é comunhão de almas, cumplicidade da
vida, parceiros de existência.








Luciano Martini

sábado, 15 de outubro de 2011

Nevoeiro






Por entre pinhais, perdido, mergulhei no nevoeiro embraquecido. Sedento de vida, ouvi o sussurro: era talvez a voz da chuva chorando, um sorriso nublado ou um coração partido. Algo que de tão longe me parecia oculto gravemente, coberto pela névoa, um murmúrio ensurdecido por imensos outonos, pela entreaberta e úmida treva das folhas. Porém ali, vagando por trilhas do bosque, o orvalho caiu sobre meus olhos e secou meu coração. E seu sabor errante subiu como lua que adentra nas nuvens, como se, repentinamente, estivessem me procurando nas ruas por onde andei, na terra perdida da minha infância.



Generosamente a noite se compadeceu de mim e me protegeu com seu cobertor de sonhos.









Luciano Martini

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Grandeza


Tudo bem !!!

Eu sei que ele era somente um riacho.

Ah! Mas que ele tinha um jeitão de mar, isso tinha...




Luciano Martini

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Faxina



Fui fazer uma arrumação no meu guarda-roupa e acabei por encontrar tantas coisas que tinha, a tanto tempo, perdido. Coisas impossíveis...


Achei conchas, cataventos, bancos de praça, barcos, telhados preguiçosos, ruas de chão batido, dois ou três olhares, um trem a passar numa estaçãozinha perdida, um poema no bolso de trás do meu jeans, um cheiro de tarde ensolarada, uma meia laranja, retratos de ursos, um pouco de chuva na janela, uma canção antiga, o cheiro de uma cachoeira (que eu mergulhei quando tinha 16 anos), uma bola velha e um passarinho.











Luciano Martini

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Gestar Sonhos



Na madrugada sussurro de anjos

pensamentos soltos no momento

à meia luz de eternidades

engravidam-se os sonhos





Luciano Martini

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A sombra das coisas


A vida simplesmente pensada
e não vivida,
Despe-se de seu dom
de sua própria essência!
Aprisionado à sombra das coisas, viajamos desajeitadamente,
divididos, dispersos.
Onde estamos, não somos.

Eu nunca sou totalmente.
E é um ficar, sem deter-me,
e um partir, sem levar-me
É difícil ser !


Luciano Martini


Luciano Martini

A fé dos homens


A fé é coisa insurgente
reina em aparições
faz florir em relâmpagos
e compõe árias de ressurreição



Luciano Martini

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Inverno Úmido


A garoa da tarde umedece os meus passos
sobre a luz plúmbea da rua distraída
Meu olhar pende para o infinito
enquanto a desconhecida de rosto triste
recolhe sonhos e roupas de um varal


Luciano Martini

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Estou lendo

O MAIS TRISTE COM RELAÇÃO à vida é não se lembrar de metade dela. Não se lembrar nem de metade da metade dela. Não se lembrar nem mesmo de uma ínfima porcentagem, se quiser saber a verdade. Tenho um amigo chamado Bob que escreve tudo o que lembra. Se lembrar que deixou cair um sorvete de casquinha no colo quando tinha sete anos, ele vai escrever isso. A última vez que conversei com Bob, ele tinha escrito mais de quinhentas páginas de memórias. Ele é o único cara que conheço que se lembra de sua vida. Ele disse que capta lembranças porque, se esquecê-las, é como se não tivessem acontecido, como se ele não tivesse vivido as partes que não lembra.

Pensei nisso quando ele comentou e tentei me lembrar de algo. Lembrei-me de ter ganhado uma insígnia de mérito como escoteiro quando tinha sete anos, mas só consegui me lembrar disso. Eu a ganhei por ajudar um vizinho a cortar uma árvore.

Vou dizer isso para Deus quando ele perguntar o que fiz com minha vida. Vou dizer que cortei uma árvore e ganhei uma insígnia por isso. É muito provável que ele queira ver a insígnia, mas eu a perdi anos atrás e, por isso, quando eu tiver terminado minha história, Deus provavelmente estará sentado ali, olhando para minha cara de quem imagina o que vai falar em seguida. Deus e Bob provavelmente vão conversar durante dias.

Um Milhão de Quilômetros em Mil anos, Donald Miller


Só eu.


Onde percebes ilusão
eu vejo poesia
entre semi-deuses
eu tropecei na lancheria

Tudo pode ser
sem esperar acontecer
chuvas de verão, castelos de imaginação,
sempre viajei sozinho
em jardins de papelão

Sem tudo estar perdido, então.
Vou chorar um rio
Mas chorar a luz do luar,
Lagrimas de estrelas, emoção

Ser feliz é não saber, correr...correr...
E porque parar?
Deixa a dor não estar
Nunca mais

Seguir é não ter fim
Embalar-se neste crepúsculo laranja
Delicado como um poema
Luminoso como um picolé de limão

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Entre Auroras e Tropeços

Permitam-me salvar aquele menino que habita os porões da minha alma. Descobrir os mistérios da cidade. Achar o brinquedo que eu perdi na calçada.

Eu quero voar de novo com a minha bicicleta, mesmo que desta vez, o ET não esteja na carona.

Coleciono fracassos, mas, creio na ressurreição da vida. Continuo a ser a esperança dos loucos e desajustados. Duvido das minhas certezas, para poder viver exclusivamente da fé. Pode parecer loucura, mas, eu sempre gostei de montanhas russas.

Repilo os perfeitos, os campeões, os prepotentes. Mas por outro lado, tenho empatia a todos os desajeitados, os estranhos, os iludidos na sua desilusão, àqueles que continuam a insistir em fazer serenatas, mesmo que a janela da varanda nunca tenha se aberto.

Vou ao encontro dos que sentam no fundo da sala, daqueles que não se levam muito a sério, dos que nadam contra a corrente esperando a onda perfeita, mesmo não sabendo surfar direito.

Trago nas dobras da alma a esperança de um desfecho feliz, para uma história tão ensaiada e sonhada, que ainda não foi totalmente contada.



Minha vida...





Luciano Martini

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Eu sou assim



Hoje eu sou reflexo do que tentei ser

resultado daquilo que não consegui

sou mosaico de estórias

menino que se perdeu no parque


sou sempre busca

sou sempre sonho

um poeta que habita em mim

mas, naquele parque

quase sem querer


encontrei um jardim.




Luciano Martini

terça-feira, 21 de junho de 2011

Saudade de quem se foi...


Eu devia ter perguntado como seria a vida depois de ti,

mas, tive medo da resposta.

Pois, lá no fundo eu já sabia...

Eu sabia que o céu nunca mais teria o mesmo azul,

que os pássaros de tão chateados não cantariam como antes,

que o arco-íris perderia uma cor,

e que meu sorriso ficaria marcado.

Sabia que sentiria falta do teu abraço

que a tua ausência estaria sempre presente

e que carregaria comigo a esperança

de um dia te reencontrar.



Luciano Martini

sábado, 18 de junho de 2011

Distante



O distante traduzo

em versos viajantes

livres sonhadores

em sussurros do vento

que o sentimento esvazia



Os meus longes

de água molham

a minha face a procura de:

reflexo...







Luciano Martini

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Só eu.


Onde percebes ilusão
eu vejo poesia
entre semi-deuses
eu tropecei na lancheria

Tudo pode ser
sem esperar acontecer
chuvas de verão, castelos de imaginação,
sempre viajei sozinho
em jardins de papelão

Sem tudo estar perdido, então.
Vou chorar um rio
Mas chorar a luz do luar,
Lagrimas de estrelas, emoção

Ser feliz é não saber, correr...correr...
E porque parar?
Deixa a dor não estar
Nunca mais

Seguir é não ter fim
Embalar-se neste crepúsculo laranja
Delicado como um poema
Luminoso como um picolé de limão


Luciano Martini

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Oração


Afagas o mundo todo
com os teus abraços
e encerras em teus lábios
o segredo da minha existência
Teus olhos acalmam meus mares
e impedem tremores na minha terra
Nas tuas mãos escondes maravilhas
que povoam meus sonhos
e todos os dias renascem novas histórias
O teu peito é a minha cama,
porque me embala e me eleva
sempre que a respiração acelera
Os teus dedos são voláteis,
descobrem tesouros escondidos
e põem flores no meu caminho
mesmo depois da Primavera
Eu durmo de espírito limpo,
aos pés da tua cama,
todas as noites perto do Paraíso.


Luciano Martini

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Se não houver


Se não houver...

um sorriso por trás dos montes
nem braços abertos
depois das pontes
as estradas serão rios
em que nadamos por nada




Luciano Martini

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Esta minha Loucura


Eu sou um louco
que empunha uma
bandeira branca em
meio a guerra

carrego a espada
até em marchas
pela paz

Se não me seguro
choro em nascimentos
e rio em funerais

E o meu rio
não se contém
que vir a_mar...


Luciano Martini

Longos Corredores


Entre corredores
nos instigam silentes
segredos e murmúrios
Em ágeis sombras que
flutuam em neblinas:

tão sós, tão luas, tão nós...


Luciano Martini

terça-feira, 24 de maio de 2011

Esperança


Não há caminhar sem tropeço
e quando o horizonte se nubla
o sol é um recomeço




Luciano Martini

Barco tristonho


Barco tristonho
permanece na garrafa

Que importa o tamanho?
Lugar de barco deveria ser sempre o oceano...


Luciano Martini

Eu tenho um plano


Eu tenho um plano...
Vou mandar fazer um terno azul e comprar sapatos dourados para festejar a alegria de viver, dançando desajeitadamente até que a minha pele transpire luz e a minha boca profira perfumes.
Vou tatuar em meus olhos a figura de um menino com sua pipa, para que jamais falte a inocência em meu olhar.
Vou cruzar esquinas e praças a procura dos seresteiros que cantam ao luar e, no contorno dos dias amarram fitas brancas nas sinaleiras.
Vou criar um sinal secreto para que todos os poetas da vida me reconheçam, e ao cruzarem por mim nas avenidas da cidade, possam acenar com lenços rasgados.
Vou comprar um relógio que não marque as horas, mas distinga os momentos cruciais do dia, para que eu possa valorizá-los devidamente.
Vou me fingir de morto, mas estarei pronto a renascer, para que no momento certo eu possa recitar os versos que transformam pedra em sorrisos.
Vou me fazer de estúpido, mas a noite arquitetarei projetos para mudar o mundo.
Eu tenho um plano...



Luciano Martini

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Estou Lendo

De mil experiências que fazemos, no máximo conseguimos traduzir uma em palavras, e mesmo assim de forma fortuita e sem o merecimento do cuidado. Entre todas as experiências mudas, permanecem ocultas aquelas que, imperceptivelmente, dão às nossas vidas a sua forma,o seu colorido e a sua melodia.
... desde que passei a ver as coisas assim, tenho a sensação de ,pela primeira vez, estar atento e lúcido.

Trecho do livro "Trem noturno para Lisboa"de Pascal Mercier.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Estrelas Cadentes


do infinito
a atirar-me estrelas com estilingue
e acertar olhos esperançosos
mergulhar neste mar
e encher a boca
com sal(dades)



Luciano Martini

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Minha Sina


Minha mira é enganosa
e às vezes
atiro em mim mesmo

Saio machucado e abatido
e novamente me transformo
: recomeçar é a minha sina

no mais
sou verso que voa
a procura de um poema
que rime com a minha vida


Luciano Martini

sábado, 16 de abril de 2011

Caminho do Vento


Vi flores nascerem em pedras
quando descia pela rua,
na sombra das esquinas,
ante o ruído das calçadas

Outra vez me vejo atento…
sinto cheiro de terra molhada,
ouço a melodia da chuva
ao derramar-se pelo
parapeito e pela janela.
Medito… no caminho do vento,
fronteira insegura dos sentidos,
que frágil, carrega lembranças,
revela ao meu olhar o horizonte…


Luciano Martini

Canção da Vida


Impossível
descrever o encanto
de infinitos versos…
tal poema nascido
do sussurro dos rios,…
a escorrer sobre pedras,
inundando os veios das florestas,
preenchendo o abismo,
legitimando a vida.

Descrever este instante,
a harmonia existente
entre a graça e o sorriso

deveria ser música.


Luciano Martini

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Tempo de Chuva


não me recolhi
nem cumpri a tempestade
na parte que me cabe

não estendi minhas asas
nem fechei minhas páginas

sigo caminhando
por entre abelhas e cigarras

e num gesto suave
inclino minha alma para os
canteiros que colhem

as melhores chuvas


Luciano Martini

terça-feira, 12 de abril de 2011

As estrelas inalcansáveis


As estrelas nunca serão alcançadas,
mas, como as noites seriam tristes sem elas

Os astronautas não conseguiram chegar nas estrelas
mas os poetas,
vão lá todas as noites...

Há uma lenda muito antiga que diz:
Quem conseguir seguir uma estrela
e viajar na luz de seu brilho,
no final do caminho,
encontrará um Menino
.


Luciano Martini

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Um moço promissor


Havia de encontrar
aquele velho livro
e nele, juras e promessas,
escritas com minha letra:
outonos e invernos
esquecidos
entre páginas amareladas
e a dor,
de não ser mais

aquele.





Luciano Martini

terça-feira, 29 de março de 2011

Pássaros


Dentro de mim
já morreram muitos
pássaros

Porém,
os que sobreviveram,
estão livres...


Luciano Martini

sexta-feira, 25 de março de 2011

Esta noite


Tempestade

noite escura e fechada

Nos meus olhos há estrelas



Luciano Martini

Dores de Parto


Os poemas que me habitam

me ardem e atormentam

pela minha incapacidade

de pronunciá-los


Sou! e isso é bem mais

do que cabe em linhas



Luciano Martini

segunda-feira, 21 de março de 2011

Tudo que o outono ensina

Céu borrado de nostalgia.
No horizonte, uma clareira de azul-celeste aconchega num abraço de lã, toda a restante abóbada transbordante de cinza. As árvores enamoradas deste fio de vento que chilreia nas folhas, dançantes, suplicam ternura , deixando-se despir, tiritantes de frio.Tráfego de vento, sob fios de sol transluzente no amarelo-sangue do folhedo, os ramos enegrecidos emergem, tais braços expostos em sua nudez. No chão uma laranja barriguda, jaz abandonada no seu amarelo-crepúsculo, a testemunhar a outonal fecundidade, rogando não ser esquecida. Há estacas abandonadas, despidas de cuidados, e os resquícios acobreados da folhagem, dizem-nos que a terra madorrenta vai repousar do parto das colheitas suavizando-nos a alma de nossa melancolia.
A vida.
Encenada em cânticos de vento no folhedo—sucessão de mistérios e o homem no seu abandono testemunhando o refulgir das estações.
Da terra fecundada , sabemos que reclama uma pausa.
Das floreiras nem sempre rosas. Da vida nem sempre vida.

Esta letargia, nostálgica doçura, em sinfonia de galhos e ventos, culminou ali, num amontoado de folhas esvaídas, para nela inquirirmos da nossa significância no outono da vida.
As folhas não caem em vão! Evocam a brevidade de nossos dias.

O outono das pinceladas de azul-água, castelos cinzentos no céu e o cantarolar das árvores nuas, imploram-nos um olhar demorado sobre este breve viver. Por que caem as folhas?

Pela esperança de serem colhidas...


Luciano Martini

sexta-feira, 18 de março de 2011

Falta de Inspiração

Há silêncios congelantes
Em tudo: eis a alma
A temer o papel
Em branco, mundos, lápis, mudos...



Luciano Martini

sexta-feira, 11 de março de 2011

Medo de altura


Alturas da vida que trazem vertigem
de rever o mil vezes visto
de tentar o mil vezes tentado

Alturas em que o desalento espreita,
em suave espera.


É preciso uma certa dose de esforço para ser.







Luciano Martini

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A Esperança é a última que vive.


De esperas construímos uma vida
enchendo as mãos de sol e a boca de silêncios.
Em estranhos descaminhos nos encontramos.
Mirando o rio, mas sempre, com a impressão
de que ficamos à margem.
Como um longo abraço de despedida,
a nos lembrar,
que estamos sozinhos...


Ter esperança é sonhar com reencontros.



Luciano Martini

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Como disse o poeta: Navegar é preciso


Tanta coisa é uma questão de ângulo, de perspectiva, de posição.
O mundo acaba ficando tão parecido conosco.

A experiência é o navegar.
A travessia.
A metáfora da viagem.

Processo de aprendizagem que se constitui nos trajetos da própria viagem.
Por isso, a navegação é plural, inacabada, provisória, multilinear, sem hierarquia, aberta às demandas do navegante.
E aos acasos das marés.

Com sorte, passa-se pela rebentação....
Afortunadamente, pela série de ondas com sons borbulhantes.
A experiência é o navegar...
e os navegantes, "às vezes",
até conseguem fazer as marés acontecerem....




Luciano Martini

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Mapas Antigos

Nos mapas antigos procuramos um sinal
para embalar o enredo de nossas vidas,
um bom presságio, uma dica
para acalentar parábolas de redenção
Procuramos a tranquilidade no delírio
de interpretar enigmas improváveis,
mas nosso significado só achamos
na cerimónia duma lembrança peregrina
Assim nos cercamos de águas frias
caindo sobre a imensidão da noite
e morremos de mortes mal morridas
pela vida que vivemos em nossos dias
ou que deixamos de viver



Luciano Martini

domingo, 23 de janeiro de 2011

Destino


Voraz consumidor de auroras, sei que dentro de mim subsiste um oceano arredio de águas profundas e escuras. No entanto, meu destino já estava determinado, quando decidi transpor aquele portal: afogar-me por entre suas ondas...
Nessa epopéia de vida, só Deus pode servir de tábua a um náufrago como eu.



Luciano Martini

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Sinais no Céu


Este crepúsculo marcante tem que ser um prenúncio do despertar de um tempo, de um fluir contínuo indiferente ao caos, rumo a vazante do meu ser.

Ou pode ser um recomeço usual de evocações extintas,em cerimônias secretas em salas fugidias, transformadas em santuários.
Vertigem de vertigens.
Sua luz ilumina as neblinas como cortina de sinais, que escondem o rastro das coisas por entre versos redundantes, ao som de um violino levado pelo vento.

Num jardim onde caem pétalas de uma flor triste;
a brisa sopra uma esperança, que se esvanece em tranquilos dias,
num espiral de sonhos que a rigidez das horas
não podem conter.

Luciano Martini