terça-feira, 13 de outubro de 2009

Simplicidade


No crepúsculo, quando a noite se aproxima, o vôo dos pássaros fica diferente. Em nada se parece com o seu vôo pela manhã. Já observaram o vôo das pombas ao fim do dia?
Elas voam numa única direção. Voltam para casa, ninho. As aves, ao crepúsculo, são simples.
Simplicidade é isso: quando o coração busca uma coisa só.





Rubem Alves

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Caminhando na chuva


Meus passeios descobrem um mundo novo de possibilidades e sensações.
Sublime! É a noite que bebe o outono com chuviscos.
Andando em direção à luz de cidades inundadas e distantes, o caminho da chuva que o meu olhar traduz em trilhas de saudade, me convida e acaricia.
Vivo mil vidas em minha imaginação : - Enredos, cenários escondidos e figuras fantasmagóricas que me acompanham.
Banhos longos não lavam a alma, mas me lembram que eu ainda estou vivo...
Então, espero, não desespero.
Sigo suave e displicente, como o silêncio que há entre duas rosas que se olham.



Luciano Martini

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Com o Sol nos olhos


Com o Sol nos olhos,
pode-se pisar alegremente a linha do abismo,
não atribuindo receios ao mar de areias movediças que se espreita ao longe.
Pode escurecer, mas não dentro, quando se tem o Sol nos olhos.
Os raios dourados entram, deslizam, dançam, com a doçura do calor.
As sombras estendem-se e ficam suaves, o risco das trevas ainda nem se anuncia.
Com o Sol nos olhos,
é despertada a melodia de um sorrir interior, sem esforço.
Estende-se a mão na distância,

envia-se uma flor em pensamento...



Luciano Martini

sábado, 3 de outubro de 2009

O Reino de Deus


A confusão começa quando achamos que as crianças tem o Reino por serem inocentes!
Ora, o Reino de Deus pertence as criancinhas, não por causa da sua inocência, mas sim, por causa da sua incompetência.




Luciano Martini

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Quero saber


Quero saber se você vem comigo
a não andar e não falar,
quero saber se ao fim alcançaremos
a incomunicação; por fim
ir com alguém a ver o ar puro,
a luz listrada do mar de cada dia
ou um objeto terrestre
e não ter nada que trocar
por fim, não introduzir mercadorias
como o faziam os colonizadores
trocando baralhinhos por silêncio.
Pago eu aqui por teu silêncio.
De acordo, eu te dou o meu
com uma condição:
não nos compreender

Pablo Neruda