segunda-feira, 2 de março de 2009

Entre Auroras e Tropeços


Permitam-me salvar aquele menino que habita os porões da minha alma. Descobrir os mistérios desta cidade, achar o brinquedo que eu perdi no parque. Eu quero voar de novo com a minha bicicleta, mesmo que desta vez o ET não esteja na carona.
Coleciono fracassos, mas ainda creio na ressureição da vida.
Continuo a ser a esperança dos loucos e desajustados. Duvido das minhas certezas, para poder viver exclusivamente da fé, pode parecer insanidade,mas eu sempre gostei de montanhas russas.
Rejeito os perfeitos, os campeões, os alpinistas da prepotência, sua compania me faz náuseas, me rouba a vida; a mim, sempre me pareceram vampiros a definhar o encanto.
Por outo lado, sou compassivo a todos os desajeitados, os estranhos, os iludidos na sua desilusão, à aqueles que continuam fazendo serenatas, mesmo que a janela da varanda nunca tenha se aberto.
Vou ao encontro dos que sentam no fundo da sala, daqueles que não se levam muito a sério, dos que nadam contra a corrente em busca da onda perfeita, mesmo não sabendo surfar.
Todo fim de tarde, acendo as luzes da cidade cuidando para não apagar as sombras, pinto de aquarela a minha rua cinzenta, penduro bandeirolas coloridas com nós de fita, nós de barbante, nós de pinho e nós de garganta.
Trago nas dobras da alma a memória de um desfecho feliz, para uma estória tão ensaida e sonhada, que ainda não foi totalmente contada.
Minha vida...


Luciano Martini

6 comentários:

A Maya disse...

Sinceramente, de todos os textos seus que já li foi deste que mais gostei.

Vou me expressar com as palavras de Mário Quintana:
"Um bom poema é aquele que nos dá a impressão
de que está lendo a gente ... e não a gente a ele! "

Me senti exatamente assim. Lendo uma parte de mim também, ainda que se trate da sua vida.

"Rejeito os perfeitos, os campeões, os alpinistas da prepotência, sua compania me faz náuseas, me rouba a vida; a mim, sempre me pareceram vampiros a definhar o encanto."

Este trecho me lembrou um poema de Fernando Pessoa, o Poema de linha Reta, em que ele diz assim numa parte: "Arre, estou farto de semideuses!Onde é que há gente no mundo?". Realmente, é mais fácil reconhecer fraquezas do que forjar as perfeições.

E Deus escolhe os fracos para confundir os fortes.

Ops, comentário extenso...
Como eu disse, gostei muito do texto.

Um abraço, Deus abençõe!

A Maya disse...

Correção: É mais difícil reconhecer as fraquezas do que forjar as perfeições.

brunakonrath disse...

É tão bom vir aqui a cada novo texto e encontrar algo que nos traduz e que nos preenche.
Tuas palavras cheias de vida me fazem sonhas ainda mais. Mesmo sabendo que faço parte dos fracos, loucos e humildes, porém escolhidos por Deus.

Que possamos todos pintar de aquarela as ruas tão cinzas.

Deus abençoe!

Anônimo disse...

Mesmo porque, também somos assim...
Abração
Deus te abençoe

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
karla Morgana disse...

...lindo...