terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Segredos




Dá-me imagens para que eu possa sonhar e, perdoa-me se a luz dos meus olhos não carrega a luminosidade dos crepúsculos que irresponsavelmente tento descrever.
Meu fascínio por passagens secretas e corredores de biblioteca, vez por outra, me confundem, porém são através deles que descubro os mais belos jardins e pianos que tocam canções do passado quando a gente fecha os olhos.

Eu amo o outono, mas sou parte do inverno e carrego flores da primavera nos meus bolsos para enfrentar o verão.
Eu canto, mas meu canto é monótono, porque fiquei preso entre dunas da minha meninice e a bela praia de ondas perfeitas onde surfo todo dia, quando me deito entre travesseiros e edredons.

Eu tentei aprender poesia com um poeta que conheci numa encosta com vista para a baía, onde o mar era verde e as pedras azuis.
Ainda lembro do seu sorriso !

Conheço um banco no parque que frequento, onde divido espaço com os mendigos e pássaros.
Todos passam por ele apressados e não percebem o seu mistério. Pois descobri que no dia certo, na hora certa, com a melodia certa e com o aroma certo; um raio de sol laranja o ilumina transformando-o em um portal que sopra brisas medievais.

E a gente sonha outros sonhos...




Luciano Martini

4 comentários:

Mostarda disse...

Quando alguém, com emoção, me conta um história, é como se eu conseguisse ver cada lugar, objeto ou situação... Na leitura do texto, em vários momentos transitei entre a leitura e a visão, mas, no último parágrafo fui totalmente envolvida pela minha imaginação. obs: falar em edredom e travesseiro com a dor de cabeça que estou é muita maldade!

Mostarda disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mostarda disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Canteiro Pessoal disse...

Luciano. Sua grafia como sempre de entrelinhar e muito degustativa. Ando pelo meu jardim em escrita, que, muitas vezes, faz-me atravessar pela minha própria imagem e ver o quanto preciso me esvaziar, para sonhar o sonho que é preciso ser sonhado. Tenho por mim, que o meu entendido é desentendido por outros, e acabo me tornar alguém 'anormal', tentei me desviciar de escrita misteriosa, mas minha retina teima em ser imagens em tela para que dancem a luz da minha pele, 'que não carrega a luminosidade dos crepúsculos que irresponsavelmente tento descrever'. Meu delírio 'por passagens secretas e corredores de biblioteca, me confundem, porém são através deles que descubro os mais belos jardins e pianos que tocam canções do passado quando fecha os [meus] olhos'. Ficar de olho aberto me aterroriza, pois é aí que é gélido o silêncio e sem cor. Sinto a violenta ausência de gosto da água. Eu amo o inverno, porque me sinto aquecida, o verão me traz sensação de inferno e me corrói os ossos. Eu já não sou poeta, o que sou? Nem sei o que é escrita, sou amadora numa busca árdua por sorriso.

Parabéns por tudo aqui exprimido da sua alma de poeta.

Paz,
Priscila Cáliga