sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Passeio na Redenção


Quero passear no Parque da Redenção e fazer passarinhar todos os bons propósitos que desafiam a minha fé. Enterrarei num jardim de hortênsias essa frustação alheia que definha o meu ego arrastado pela vaidade.
Trocarei minhas horas preciosas por horas ociosas e, recostado num banco de praça, darei milho aos pombos e cantarei com os mendigos que, deitados na grama, escarnecem da agonia do tempo.
Banharei a minha retina naquele lago pontilhado de moedas faiscantes de prata e, peito aberto sob o chafariz, secarei a fonte ininterrupta da minha insensatez. Serei belo como aquele tronco nodoso de uma velha castanheira que, retorcida de braços, abraça o Sol para em seus pés irradiar sombras.
Trilharei uma tarde irresponsavelmente feliz, liberto dessa potência que recobre de fúria a minha excessiva fragilidade. Acreditarei na vertigem do disfarce que a brisa quente empresta ao meu rosto e, numa antiga roda gigante, renascerei com a inocência das crianças que sorriem poemas azuis.
Definitivamente será minha redenção...


Luciano Martini

2 comentários:

Canteiro Pessoal disse...

Luciano, rendo-me ao escrito.

Priscila Cáliga

Personaret disse...

Tudo bem Luciano! Só não quebre o pé outra vez!