Por entre pinhais, perdido, mergulhei no nevoeiro embraquecido. Sedento de vida, ouvi o sussurro: era talvez a voz da chuva chorando, um sorriso nublado ou um coração partido. Algo que de tão longe me parecia oculto gravemente, coberto pela névoa, um murmúrio ensurdecido por imensos outonos, pela entreaberta e úmida treva das folhas. Porém ali, vagando por trilhas do bosque, o orvalho caiu sobre meus olhos e secou meu coração. E seu sabor errante subiu como lua que adentra nas nuvens, como se, repentinamente, estivessem me procurando nas ruas por onde andei, na terra perdida da minha infância.
Generosamente a noite se compadeceu de mim e me protegeu com seu cobertor de sonhos.
Luciano Martini
5 comentários:
Luciano,
Que teto é esse?
Maravilhoso!
Minha cidade, por vezes, fica nesse estado de nevoeiro, e ele sempre, sempre altera o estado de minhas emoções... Como se em sintonia...
Adorei!!!!
Bjkas
Teu verso gelou-me interiormente...e aqueceu mansamente meu coração.
Karla Morgana
Oi, Luciano! Poesia de primeira, como sempre. Sinceros parabéns! Abraço!
sinto um enorme prazer em ler suas poesias, obrigada
Também sinto, por vezes, esse nevoeiro dentro de mim.
E também a noite sempre me consola, e me inspira " com seu cobertor de sonhos"...
Muito lindo, poético, de uma profundidade inocente, simples, e difícil para a maioria compreender. Todos sabem lidar com o sol. Poucos com o nevoeiro...
Beijos carinhosos
Ana
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