quarta-feira, 23 de abril de 2008

Experiência




Manhã cinzenta de um domingo displicente, porém marcante.
O tapete de folhas secas, em trilhas adormecidas de árvores seminuas ,prepara o cenário onde nuvens em sua dança frenética fogem para o mar de sua liberdade. O mofo e o bolor cerram uma batalha sangrenta e preguiçosa em muros e esquinas. Casas velhas rangem e estalam, confessando o segredo de sussurros e olhares.
Onde antes desfilavam vestidos coloridos e vidros de botequim. Hoje cemitério de lembranças.
No silêncio da paisagem nublada, janelas murmuram ao vento uma melodia triste de canções de outonos que passaram. Telhados chovem na melodia do tempo, escrevendo brisas frias de rouquidão.
O sabor desta manhã ficou tatuado em meu olhar, como aquele pássaro pousado na praça. Sozinho.
Luciano Martini

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