domingo, 14 de junho de 2009

Travessia Junina




A estiagem prolongou-se demais levando meu brinquedo preferido.
O sol poente alimenta e fere os olhos castanhos da inocente fantasia. Lágrimas secas rolam de semblantes serenos e olhos disfarçados. A esperança é uma nuvem d’água, mas essa migrou para um mar revolto, distante...
Aquele sonho está agora aprisionado em solo ressequido, meu olhar suplica um pouco de carinho, mas eu continuo em meu caminho. Meus amigos brincam de esconde-esconde, uns na jardineira engolidora de poesia, enquanto outros, a sobrevida acabou de fechar-lhes os olhos. Na travessia junina uma momentânea alegria me acalma.
Perco-me propositadamente de meus mapas e sigo por um sorriso que brilha como uma manhã nunca vista. O caminho parece diferente, debaixo de uma grande árvore, com galhos de folhas mortas, uma voz sopra sussurros de forma enigmática:


– Voltarás a sonhar... O céu te dará asas... O amanhã não está pronto...




Luciano Martini

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