segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Labirinto

Desperto de um pensamento longínquo com o cheiro de óleo queimado. É aqui por entre esta estrada tortuosa e o sicômoro da calçada que a vida passa - um filme cuja película já gasta ainda me assombra. O sol e a lua alternam-se iluminando a janela; inspiração e poesia são apenas sinais de fumaça e há muito, sou parte da paisagem emoldurada – quem me dera um eclipse, para desafiar certezas e transpor as coisas do seu lugar. Mas embrenhei-me pelo caminho. Um labirinto de trama bem urdida protege a saída e meu fio de novelo desgastou-se, virou poeira que baila entre raios de luz. Como falar do que desconheço? Não consigo entender! - Sequer, a mim. Aliás, neste tabuleiro de xadrez perdi o jogo e a ilusão, restam-me apenas os peões e uma torre. Fatiguei-me ao tentar salvar o que não tinha salvação. Aquela paisagem na janela é estática. O sol e a lua não! Vivem sua beleza, seus papéis, seus mistérios... Quanto a mim, esta fase de transformação é incômoda, é libertadora, é profunda, mas quase sempre triste e solitária.
E os minotauros espreitam, porém seus semblantes não assustam mais.
Luciano Martini

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá, Luciano!
Bom dia!

A fase de transformação, descrita em teu texto, assemelha-se a um casulo... fase incômoda,profunda e solitária. Libertadora, ganhando asas...
Linda prosa!!!
Forte abraço, poeta!